quinta-feira, 18 de abril de 2013

Germinar





A tristeza é um filhote mufino,
É peito que esquenta e dá nó,
Falta laço...

Tristeza é dar boa noite para o vazio da cama,
Parece criança estarrecida,
Amadurece...

A perda é a forma discreta de se sentir humano,
A saudade é ferramenta de sentir falta,
Enraíza no peito a mão quente do afago...

E agora é se assumir mundano,
Doloso,
Corpo que requer algo que abrace...

Tem que se plantar de novo,
Como se os pés na terra fossem apenas o sinal da nossa evolução contrária,
Agora só resta olhar o que ficou pra trás...

O colo, o beijo, o cheiro e a água quente no frio sombrio e redondo da madrugada,
Descrevi teu corpo e tuas nuances como um encanto,
A voz, a pele, o que há por dentro e mais, tudo poesia...

Era,
Fez de conta que era sonho,
Destacou coisas de dentro como criança com decalque...

Estancou o calor do sangue com a falta de si,
E agora me resta sentar no vazio seleto de dentro,
Dar boa noite para travesseiros esperando respostas como quem fala com um gato,
E assim, no escuro do quarto soletrar a poesia calada,
Cicatrizar a dor com lagrimas,
Com terra e seixo,
Como se a dor fora uma flor plantada pra dentro,
E então mesmo que demore,
É hora de cuidar do meu arranjo humano de ser...