quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Degrau


Vamos fazer assim,
A partir de hoje, somos incomuns,
Nos deixaremos levar pelo que vier,
Desde o medo até o vento que vem do sul...

A partir de hoje seremos vivos,
Recobertos por uma luz inigualável,
Sim, a partir de hoje somos infinitos...

Somos verdade dita por criança,
Amadurecimento que não vem,
Ou vem, mas demora...

Somos quarto desarrumado,
Somos sombra de poste,
Somos volta pra casa...

Somos andar na ré,
Se despedir de si,
Voltar pra lá,
Dá dó...
  
A partir de hoje o partir vai ter gosto e som,
Musica de quem se despede,
Deixa a mão dançar com o som do adeus,
Até mais, eu.

sábado, 14 de setembro de 2013

Besto



O romantismo está à beira do sorriso,
Na verdade o sorriso cobra carinho,
E o carinho apenas floresce com o tempo...

Ela é carinho traduzido em pele,
Flor,
Sorriso...

É menção de noite acordado,
Sonho,
Faz parte...

Ela é semente de amizade,
Plantação de frutos que valem à pena,
Doçura,

É palavra que aquece o peito,
Aliás, preenche o vazio,
Faz sentir bem...

Ela é encanto,
Canto,
E me diz que a voz é instrumento de causar insônias,
Eu acredito...

Chatice poética que faz bico,
Manha,
Charme,
Faz-se ser criança meiga,
Menina-Moça-Mulher,
Brilho nos olhos me faz perder o ar...

Ela é beijo de longe,
Coração que aquece á distancia,
Cultiva sentimentos que ainda nem sei,
Então no final do dia sobram os sorrisos, os beijos, as histórias...
E um “bucadinho” de até amanhã.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Tu dizes?



Verdades caladas são o peso de se manter enaltecido,
São fortes como as carências que vêm de dentro,
E somem mais rápido que sono de criança...

Então só nos resta mochilar os motivos,
Acender velas,
E chover por dentro...

Em seguida perceber o momento exato em que se soltaram as rédeas,
E o cavalo da vida brincou de fugir,
Como se descera um degrau interno...

Ficam os olhares,
As cenas adocicadas tal qual sorvete de menta,
A mãe que explica a poesia como se quisera nos juntar,
Um sofá, um edredom, e mil palavras de carinho que reverberam através do universo...

Ela compunha minha estância,
Bestava meus propósitos,
Me soletrava os miúdos...

Amor é incerto como maré,
Ela é mar,
E eu sou o olhar pra trás. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sentimento esquizofrênico



Felicidade de quem não tem "porquê", é sempre mais suave,
Carece de raízes ingênuas e se multiplica,
É como se amarram as verdades...

Dar nó em promessas é a infância plantada,
Crescer pra dentro é abraçar a vida ao contrario,
Deixa no ar um leve som de amanhã...

Dar adeus escreve no universo toda a exatidão de viver,
Prescreve e reescreve o gesto da saudade,
Faz com que tudo tenha mais sentido depois do caos...

No fim é isso,
Sentimento é presente de alma pra alma,
Alma é calor que dá arrepio no braço,
E o braço é ferramenta fundamental de calor,
Felicidade de quem não tem porque é um abraço.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Germinar





A tristeza é um filhote mufino,
É peito que esquenta e dá nó,
Falta laço...

Tristeza é dar boa noite para o vazio da cama,
Parece criança estarrecida,
Amadurece...

A perda é a forma discreta de se sentir humano,
A saudade é ferramenta de sentir falta,
Enraíza no peito a mão quente do afago...

E agora é se assumir mundano,
Doloso,
Corpo que requer algo que abrace...

Tem que se plantar de novo,
Como se os pés na terra fossem apenas o sinal da nossa evolução contrária,
Agora só resta olhar o que ficou pra trás...

O colo, o beijo, o cheiro e a água quente no frio sombrio e redondo da madrugada,
Descrevi teu corpo e tuas nuances como um encanto,
A voz, a pele, o que há por dentro e mais, tudo poesia...

Era,
Fez de conta que era sonho,
Destacou coisas de dentro como criança com decalque...

Estancou o calor do sangue com a falta de si,
E agora me resta sentar no vazio seleto de dentro,
Dar boa noite para travesseiros esperando respostas como quem fala com um gato,
E assim, no escuro do quarto soletrar a poesia calada,
Cicatrizar a dor com lagrimas,
Com terra e seixo,
Como se a dor fora uma flor plantada pra dentro,
E então mesmo que demore,
É hora de cuidar do meu arranjo humano de ser...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Versário




Nasci um verso,
Aqui versário,
Mimo de mãe me faz lembrar que crescer é pra sempre,
Dia após dia se costura a nostalgia de adultecer...

Rede de vó é calor de útero,
Abraça a dor e leva ela pra passear,
Nina a dor,
Carrega o sentimento no colo e depois já é boa noite...

Nascer é ser de alguém,
Por alguém,
Vir pra mudar o mundo,
Nasci amanhã...

O encontro das palavras que me formam é quase um livro,
Assim Dicionário,
Homem de palavra,
Sabe fazer as letras fazerem as pazes...

Crescer é saber dizer adeus,
Perder o elo com o seu antro e ainda saber ser sorriso,
Crescer é ser infinito,
Eu sou do que é pra sempre...

Berço de versos necessários,
Assim berçário,
Sono de criança que cresce como casulo de gente,
Vira homem antes da mãe vê...

segunda-feira, 25 de março de 2013

Paz de espírito




Coração é a tradução do que está dentro,
Brincadeira de criança é satisfazer a raiz interna,
Como se de repente os olhos fossem a semente do ser,
Floresce janelas...

A timidez é apenas o espírito dizendo que ainda não se acostumou,
Recosta sua cabeça no antro como se fora um filho acalantado,
Dorme,
Mas dorme macio,
Acolhendo todas as lembranças que uma mãe pode semear...

Carrega solidões de um ser que nada vê,
De nada se compadece,
Nem parece ser ser,
Apenas é o que é,
Coração,
Multidão,
Abrigo,
Chão,
Alicerce...

Desencadeia tudo que pode até não sobrar mais nada,
Então se recolhe ao espírito,
E em paz se vai.