sábado, 22 de dezembro de 2012

Meu pequeno universo




O universo tem dessas de me abraçar,
Adoça com o carinho dos seus lábios férteis o alegre malandrar do mundo,
Tira o sono,
Dormir é pra quem não tem universo,
Se desperta com o vazio do fim do dia e nem parece usufruir,
Se farta com coisas mundanas para tentar esconder a certeza de ser divino,
Não esconde, apenas guarda num canto fundo do peito,
Eu sinto...

O universo lê com calma a palma da mão do coração de um jovem que se diz apaixonado,
Dá conselhos maternais como se soubera o que realmente é bom,
E sabe...
Deixa a loucura fluir em um aperto,
E quando não pode mais, transborda,
Loucura é brincar de ser pra sempre,
Aquecer o abraço,
Deixar nutrir a falta de ar...

O universo é um ser dotado de charme,
Carrega no peito as coisas delicadas da vida,
Mágoas, suavidade e feminilidade,
Beijar três Marias é jogo de arrepiar universo,
Causa espanto,
Na verdade atiça, deixa a quietude e começa a plantar vontades,
Na verdade, realinha...

O universo escreve historias de amor e desamor,
Descreve os planos como quem tivesse medo,
E tem,
Chora por dentro como se quisesse me dizer,
Universo é o enlace,
Une e desune o pressuposto e me surpreende como quem brinca de mim,
Fala e gesticula sorrisos como se não houvesse viagem,
Como se o amanhã fosse estar aqui,
Eu espero...

Universo é conjunto de sinais,
Dá sinais de quem quer mais,
Ter constelações tatuadas na pele é sinal de saber das coisas do mundo,
Saber da vida, das almas, das loucuras suicidas de uma jovem afã,
Um universo de coisas doces,
Adoça a amargura de se estar vivo com tons de castanho no olhar,
Brilho de lagrima calada é como sorrir pra dentro,
Amarra a mágoa e aperta o peito,
Cuidado...

O Universo não tem tamanho,
É todo encontro não esperado,
Suado,
É toda perpetuidade momentânea,
Dura o tempo que tem que durar,
Pra nós é somente à noite,
O dia serve somente para nutrir a vontade de voltar,
Somos outro plano de tempo,
Outro plano de felicidade,
Pequeno grão de infinito,
Infinitou tantas coisas,
Que mesmo que parta, estará aqui...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Predicado




Felicidade é um predicado,
Colocar as coisas nos seus devidos lugares,
Cuidar da mente,
Alinhar o céu e o inferno internos,
Costurar poesias uma atrás da outra...
Felicidade é o encontro do eu com um alguém em algum lugar bom,
Não necessariamente amor, mas pode ser se for o caso,
Felicidade não tem regra,
É cúmplice de crimes quase hediondos acerca de muitos palpites,
Felicidade é um presente,
Condiz com o agora,
Se não for agora,
Talvez amanhã, predicado...
Felicidade de ontem é lembrança doce,
Adoça os olhos de forma tão áspera que arranca mares,
Felicidade é o pote de doçuras que um ser tem,
Calcula todas as dores e transforma criança em adulto em apenas segundos,
Felicidade é o abraço dos lábios,
Carrega o sabor do amanhã,
Felicidade é futuro,
Desapega o que vem e sussurra no ouvido,
Surdos são pessoas desapegadas do futuro,
Escutam o silencio do hoje e apenas vivem isso com a doçura de um sábio,
Palavras tem sabor na boca de quem as sabe ler,
Poeta é um ser tão dotado de felicidade que adoça mentes,
Calenta pessoas magoadas com palavras magoadas,
Choram todos juntos,
Felicidade é choro,
Se for pra ser...
Felicidade é no tempo que for apenas é,
Vida carregada nas costas de um ancião,
Velhice é pairar no amanhã,
Construiu-se tanto, que ao ver, parece adormecer para sempre...
Quem adormece em colo, diz-se por ai, que é ser feliz em toda sua consistência.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Anipnia




Eu conto com o escândalo,
Com as vozes alucinadas das pessoas contando sobre suas caligrafias tortas,
Enquanto eu somente queria guardar meu tesouro como teu ventre num baú de vestido de renda,
Eu conto com o mundo caótico,
Com as desilusões amorosas fazendo as pessoas perderem o foco de dentro,
Como se quem pudesse fazer carinho também pudesse completar vazios,
É impossível...
Na hora que acaba a brincadeira,
Eu levo minhas crianças internas pra dentro e tento consolar,
E depois são momentos de silêncio,
Um, dois ou três poemas e se finda o que quer que estivesse sendo plantado,
Amor é um nó cego,
Nó na garganta,
Frio na barriga que arrepia como espirro,
Nada que é tecido em pouco tempo é de fato forte,
Aprendi...
Agora é construir o que falta construir,
Desabar o que falta desabar,
E se der encontrar outro ventre com outro vestido.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Pai




Pessoas são frutos de arvores pessoais,
Arvores que acarretaram em frutos pessoais,
Parece denso,
Carregar filho no colo e ensinar matemática no tapa é nutrição de quem acolhe,
Pai é densidade,
Herói de quadrinhos,
Sonhei,
Pai é fenômeno da natureza, Espelho,
Se quebrar, sete anos...
Se fortalecer é sorte eterna,
Rede de pesca artesã,
Tem seu valor pessoal...
Carinho de pai é olhar de repressão ás vezes,
Ensina mais...
Ensinamento é validação do aprendizado,
Ambos crescem de maneira exponencial e sem limites,
Pai briga, bate de cinto, expulsa de casa, corta a mesada,
Pai desenha na alma do grão todas as árvores imagináveis,
Arvores que se perpetuam e reverberam na eternidade,
Amor de pai é semente que germina, chora e por fim vira o que é hoje,
Cria raiz.

Parabéns pai, eu te amo muito.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Insônia





Eu amo a madrugada,
Ama drogada,
De sono,
Moleca levada,
Faz arte no escuro,
Luar...
Sente inveja do entardecer,
Criança pode ver,
Canção de ninar faz a lua ficar cheia,
De sono,
Menina bonita,
Coração que não tem pertencente,
É como Barco a deriva,
Espera ancorar...
Sono é condizente com alegria,
Dormir é tecer os sonhos no pano da cama com fios de tricô,
Trabalho de avó,
Acalanta os netos no som bom da cantiga,
Acalanto é carinho eminente,
Eu sinto isso,
Moça carinhosa,
O sorriso moleca, menina-moça diz mais que o tato,
Cheia de histórias longas,
Dizem que são dores e alegrias de se estar vivo,
Faz parte...

sábado, 12 de maio de 2012

Fruto




Mães têm o dom de alfinetar a verdade com doçuras enlaçadas na carne,
Deixam o por do sol como um amanhecer,
Quieto,
Falam de flores e plantações como se vivessem para isso,
E vivem,
Plantam sentimentos em corações filiais,
Plantam amadurecimento,
Condicionamento de realidade,
Ensinam a maior das artes,
A arte de ser...

Mães possuem uma poesia entranhada no amanhecer,
Café da manhã na cama é rotina de mãe feliz,
Como assoprar sopa quente,
Possuem também o som do ninar,
Cantam canções élficas em seu estandarte de acalantos...

Mães são deusas do adolescer,
Procuram brigar e magoar bem, para que o seu fruto cresça calejado,
Dizem todo não possível, para que assim todo sim seja respeitado,
Escrevem com chinelas, cintos, colheres de pau e palavras de decepção,
A triste e doce historia do ensinar,
Cativam todo ser...

Mãe sem filho é como dor de parto ao contrario,
É perder o sentimento de ninar e todas as minhas trovações,
Mãe de filho que vai passear e não volta,
Deve ser igual ser mãe da sua sombra,
Tem que cuidar de alguém, mesmo que seja a própria...

Mãe é jovem aprendiz de ser adulto,
Mais aprende do que ensina,
E como num poder sútil,
Cresce e vira avó que é o dobro de mãe,
É quase um desatino de tanto amor...

Todo dia é dia de mãe,
Todo dia ela bate, grita, se estressa, reclama da toalha...
Todo dia ela repete os mesmos ensinamentos de mais de vinte anos atrás,
E todo dia eu finjo que não escuto, pra poder continuar ouvindo...

Por que acreditem vocês ou não,
Maior tristeza de filho,
É não ter mãe ninando...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Identidade




Doçura é abrir os olhos ao meio dia,
Perceber que meio dia já passou,
E a outra metade ainda tem muito que contar...
Pegar carona nos confetes,
Disparar gritarias para quem merece e não merece,

Nostalgia é se embalar na rede durante a chuva,
Sentir o cheiro do asfalto molhado,
E se perguntar por onde andam seus amigos de infância,

Nostálgico é lembrar,
Deduzir o passado,
Reescrever o momento e as emoções,

Eu traduzo lembranças,
Transformo em carências,
E choro,

De alegrias ou de tristezas, o que importar é se deixar lavar pelo mar interno,
Deixar a sujeita sentimental sair,
Limpar a mente...

Deixar vazio pra que somente o que é puro se nutra,
Deixar em quietude o que antes era maré alta,
Adormecer...

Se aquietar,
Deixar o corpo suspirar outros ares,
Como um desmame,
Deixar acontecer...

É diluvio de palavra,
Apedrejar as crenças com o dom de se descobrir,
Deixar a sua criança interna se mimar...

Eu canto versos de quem há um ano atras escreveu dedicatória aqui,
Aqui no espaço aberto eu relembro a desenvoltura,
O sotaque amarrado de quem quer conquistar,

Aqui eu descobri mais de um amor,
Uma dona do mundo,
Uma flor com ideias enroladas,
Uma que falou de ser infinito,
Uma que foi pra ela,

Nunca fui vazio de amor,
A dor pode me marcar o quanto for,
Pode escrever no meu peito,
Pode até me fazer um homem menos afim..

Mais nunca vou me queixar de falta de paixão,
Poeta, Artista, Lutador, Louco, Curador, Médium, Boêmio, Amigo...
Eu,
Sou,
Mais,
Amor,
Do,
Que,
Palavra,
E ainda tenho muita coisa pra escrever...


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Idéia




Quem bate na porta das idéias e sai correndo,
É o que os avós chamam de Traquinas, Pentelho, Crionça..
É delicioso se afundar em um pote de biscoito de vó, tapioca com manteiga e café com leite adocicado,
Colo de mãe tem sabor de viajem pra fora de si,
Eu sou viajante de meus portos mentais!
Contando mais de mil vezes a mesma piada, sobre um papagaio judeu...
Quão sereno é o seu dia quando você se olha no espelho?
Ou quando seu coração parece querer brincar de pira-se-esconde?
Ou no minimo seu corpo levita por alguns segundos?
O quanto mais é possível dilatar a poesia?
O segredo é escrever de tudo!
Até sangrar o papel!


Não de dor,
Poesia, mesmo triste, nunca é dor,
É infância traduzida,
É doçura em ponta de lápis,
Eu adoço papeis com historias minimalistas,
Conto as desgraças da minha vida ainda juvenil, com ar de quem já viveu o infinito,
Despejo a dor de ser humano e passível de misericórdias em todos que leem minhas soberbas,
Entrelaço as idéias de tal forma que consigo vestir elas em uma folha de papel,
Roupa de criança apertada!
No mesmo sotaque falado, eu escrevo meus desesperos e minhas patetices,
Idéias de ser um joão ninguém,
Tem gente que se encanta com o que é normal,
Com o que é mundano,
Eu me encanto com olhares, cabelos, sorrisos, falas sutis e perfume,
Me encanto com cantos, letras que fazem sentido, sentimento...
Escrever pra mim é como ser o bobo da corte,
Tem seu fim,
Fundamento,
Lei de fazer sorrir e lagrimar,
Escrever é ter em si, o antro do que está dentro,
Palpita na mão, 
É inaugural sentir a coisa fluir,
As letras saírem de forma natural, sem esforço,
Apenas virem do plano ideal, ao plano real,
Sem mais demandas, sem suor, ou cara feia,
Apenas flui,
Se processa dentro da criança interna,
E do nada se expõe como ferida aberta,
Mas sem o choro...
Escrever é aquecer a vontade,
Nutrir o papel de coisas consensuais,
É abastecer o mundo de coisas que alguem já pensou também,
Mas que por algum motivo, especialmente próprio,
E que de forma alguma merece julgamento ou crítica,
Deixou passar e continuou dormindo.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Se é do coração







Dadas as circunstancias vou escrever pra alguém chamado todo mundo,
Declarar as dores cansadas de quem um dia se desviou do caminho, por que queria revolucionar seu dia,
Eu sou todo amor! Mesmo que com dor, Amor !
Uma rede de colisões que se entrelaçam dentro da minha caixola,
Ideias do que ser daqui pra frente,
Encarar a mudança como algo que não deveria ter acontecido, mas que talvez a gente tivesse deixado de ver por cegueira noturna,
É um deleite juvenil!
Eu sou eternamente rebelde,
Raspo a cabeça, grito ao mundo quem sou e choro por saudade, e dai?
A rebeldia não está no ato, mas no contato, no tato, nos fatos!
Quem não chora?
Até o céu chora! De forma até depressiva as vezes...
Então só por hoje, amanhã e talvez depois...
Então, até que eu me sinta aterrado e enraizado...
Deixa eu brinca de ser céu.