sexta-feira, 4 de maio de 2012

Idéia




Quem bate na porta das idéias e sai correndo,
É o que os avós chamam de Traquinas, Pentelho, Crionça..
É delicioso se afundar em um pote de biscoito de vó, tapioca com manteiga e café com leite adocicado,
Colo de mãe tem sabor de viajem pra fora de si,
Eu sou viajante de meus portos mentais!
Contando mais de mil vezes a mesma piada, sobre um papagaio judeu...
Quão sereno é o seu dia quando você se olha no espelho?
Ou quando seu coração parece querer brincar de pira-se-esconde?
Ou no minimo seu corpo levita por alguns segundos?
O quanto mais é possível dilatar a poesia?
O segredo é escrever de tudo!
Até sangrar o papel!


Não de dor,
Poesia, mesmo triste, nunca é dor,
É infância traduzida,
É doçura em ponta de lápis,
Eu adoço papeis com historias minimalistas,
Conto as desgraças da minha vida ainda juvenil, com ar de quem já viveu o infinito,
Despejo a dor de ser humano e passível de misericórdias em todos que leem minhas soberbas,
Entrelaço as idéias de tal forma que consigo vestir elas em uma folha de papel,
Roupa de criança apertada!
No mesmo sotaque falado, eu escrevo meus desesperos e minhas patetices,
Idéias de ser um joão ninguém,
Tem gente que se encanta com o que é normal,
Com o que é mundano,
Eu me encanto com olhares, cabelos, sorrisos, falas sutis e perfume,
Me encanto com cantos, letras que fazem sentido, sentimento...
Escrever pra mim é como ser o bobo da corte,
Tem seu fim,
Fundamento,
Lei de fazer sorrir e lagrimar,
Escrever é ter em si, o antro do que está dentro,
Palpita na mão, 
É inaugural sentir a coisa fluir,
As letras saírem de forma natural, sem esforço,
Apenas virem do plano ideal, ao plano real,
Sem mais demandas, sem suor, ou cara feia,
Apenas flui,
Se processa dentro da criança interna,
E do nada se expõe como ferida aberta,
Mas sem o choro...
Escrever é aquecer a vontade,
Nutrir o papel de coisas consensuais,
É abastecer o mundo de coisas que alguem já pensou também,
Mas que por algum motivo, especialmente próprio,
E que de forma alguma merece julgamento ou crítica,
Deixou passar e continuou dormindo.



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