quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ínfimo que centelha



O obvio é o mais lindo clone do que é visto, o que é esquecido é o mais belo presente aos que percebem, e aos que se esquecem apenas lamento pois vale a pena imaginar que...

Neste exato momento, existe alguem se apaixonando por algum poeta, ou um poeta se apaixonando por alguem, e esse mesmo alguem deve ter mil culpas e vontades e coisas fúteis que eu normalmente esqueceria se não fosse essa a critica do ínfimo.

Neste exato momento, alguma mulher com lágrimas nos olhos, escuta o som da vida, o primeiro choro, um choro tão celebre que carrega em si, uma vida.

Neste exato momento, alguem sente um vazio tão intenso que a única coisa que lhe passa em mente, é o desejo de voltar pra dentro de si, como dar um passo para traz.

Neste exato momento, alguma mulher se entrega ao primeiro homem, ao desejo, á paixão, ao vão caminho entre o adolescer e o crescer, tudo em palavras nítidas e feitas de suor, com carinho de uma mulher apaixonada por seu "Dom Romeu" que nunca, talvez, nunca lhe abandone.. Mesmo que todo esse processo seja só imaginário.

Neste exato momento, em algum ser humano, o corpo se entrega á leveza, ao esquecer, cai na cama como se dormir fosse a melhor hora. Como se o tempo fosse uma criança brincando de ser astronauta. O corpo cala em silencio, para um sempre quase pequeno.

Vale a pena imaginar que em pouco tempo os sonhos serão realidade, e uma realidade não é nunca desprezível, mesmo quando ela não passe de sonhos.

Vale a pena pensar que neste exato momento, alguem, neste mundo respira de forma a perder o ar, como se todo o oxigênio do mundo lhe pertencesse. E lhe pertence.

Vale a pena pensar em tudo, sonhos, choros, desejos, amores, futuros amores, vermelho, azul, tempo, vida, dinheiro, sexo... vale a pena sentir que o mundo não é apenas uma bola, que o jornal não é só tragédia e que os amores não são só sexo. Vale a pena ter a certeza de que amores são como frutos que devem ser ricos de historias, e que essas historias possam nutrir mais historias para que no final de tudo, tenhamos apenas o que não foi visto, apenas o que foi esquecido, o que não foi dito. Abrir os olhos exige, acima de tudo, Paixão... então cá estou eu, de olhos abertos.

Um comentário:

  1. Isto me lembra Amelie Poulain...

    a magia do tempo, da vida ,encantamento dos segundos que se passam entre uma vida e outras tantas mais.

    Lindo teu texto. como de costume.

    (L)

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